Redação com coletânea difícil: Manifestações sociais no Brasil um ano depois: o legado.
Prazo final: 20/10
Os anos de 2013 e 2014 foram bastante representativos no que diz respeito à percepção do jovem como cidadão capaz de mudar a realidade em que vive, manifestar-se contra o que não o representa ou reforçar aquilo em que acredita, exercitando importante papel no regime democrático brasileiro. Os movimentos sociais destes anos deixaram diferentes percepções sociais como resultado de seus esforços. Pensando nessas questões e considerando a coletânea de apoio, redija um texto argumentativo formal sobre o tema “Movimentos sociais no Brasil um ano depois: o legado”
Coletânea:
1.
EM ITAQUERA: MOVIMENTOS SOCIAIS E JUVENTUDE DEBATEM QUAL O VERDADEIRO LEGADO DA COPA DO MUNDO NO BRASIL
Posted by Periferia em Movimento on 09/05/2014 · Deixe um comentário
Qual o legado para o Brasil da Copa do Mundo? Mobilidade urbana, segurança, desenvolvimento, saúde, educação? Quem são os atores envolvidos nos protestos e nas mobilizações que tomam o país inteiro pedindo reformas estruturais? Quais juventudes se mobilizam para intervir socialmente nos processos de decisões do país? Afinal, essa Copa é pra quem?
Perguntas como essas e outras vêm incendiando o país num debate que vai muito mais além de debater se somos a favor ou contra a Copa, mas qual projeto de país se quer construir. As Jornadas de Junho evidenciaram juventudes que se interessam em participar diretamente das decisões do país, em São Paulo, por exemplo, os R$0,20 centavos mostraram a latente importância dos investimentos do município para o bem da população.
A participação horizontal se torna imprescindível para essa nova conjuntura política e debater com as diversas juventudes ao redor de uma mesa com coletivos convidados para expor, – que são nacionalmente reconhecidos por sua atuação integrada de jovens e movimentos sociais nas lutas contemporâneas -, possibilitará um balanço dos impactos sociais a partir dos movimentos que se organizam hoje.
Serão 4 coletivos que estarão na mesa: Levante Popular da Juventude, Comitê Popular da Copa 2014 em SP, Se Não tiver direitos não vai ter copa e a Marcha Mundial das Mulheres. Além disso, estará presente também o Pe. Julio Lancellotti, reconhecido pelo seu trabalho com o povo de rua, apresentando posicionamentos que articulam a juventude nas ruas.
O debate é organizado pela Pastoral da Juventude, Rede Ecumênica da Juventude (Reju São Paulo), Igreja – Povo de Deus – em Movimento, com apoio da Fundação Luterana de Diaconia (FLD), Movimento Nossa Itaquera , Cifa Itaquera e REC – Rede de Escolas da Cidadania. Além do debate, haverá apresentação musical da Banda Paroles.
Anotaí!
Juventude em debate: o legado da Copa
Quando? Neste sábado, dia 10 de maio, das 18h às 21h
Onde? Cifa Itaquera – Rua Flores do Piauí, 170 – Itaquera – zona leste de São Paul
2.
AS LUTAS SOCIAIS E O LEGADO DE FREI TITO
MÁRCIA MOUSSALLEM
11/09/2014 15h02
É animador verificar os movimentos sociais e as lutas travadas no Brasil nas últimas décadas. Vivemos um longo período da nossa história marcado por ditaduras que tiraram de cena grandes ativistas e personagens, que enfrentaram com grande força moral os "monstros de fardas".
A memória desse período, apesar de dolorosa, precisa ser lembrada a todo instante, para que a nova geração de jovens tenha consciência dos acontecimentos do passado. Em muitas ocasiões esses acontecimentos se repetem, por exemplo com a polícia que herdamos, que ainda mata e sequestra cidadãos.
Relembrar alguns grandes homens que viveram e lutaram nos "anos de chumbo", como o inesquecível Frei Tito, me faz sentir que a sua presença ainda é muito marcante, além de ser um estímulo para continuar lutando em prol de um país mais justo e democrático.
Foi animador e emocionante o seminário "Frei Tito e a revolução brasileira", realizado no início de agosto em São Paulo. Além da presença de nomes como Frei Betto, João Pedro Stedile e Alfredo Bosi, entre outros, a presença do "Levante Popular da Juventude" e outras organizações da sociedade civil me alegraram e me encheram de vida.
Não poderia deixar de falar da importância dos "novos" movimentos oriundos da sociedade civil nas últimas décadas, com a forte presença dos jovens. O "Levante Popular da Juventude" é uma delas e tem como bandeira a luta de massas com vistas à transformação da sociedade. Atuam nas periferias dos centros urbanos, por meio estudantil, estão presentes em diversas cidades brasileiras e se articulam com diferentes movimentos sociais.
Eles destacam a luta social do movimento em um trecho do site: "a construção do Projeto Popular para o Brasil nada mais é do que a conquista das reivindicações históricas que sempre nos foram negadas pelos poderosos de nosso país, como educação, saúde, transporte, cultura, esporte e lazer que sejam realmente públicos e de qualidade bem como o trabalho decente que possa dar ao jovem a oportunidade de ter uma vida digna. A solução de tais problemas, que atingem a grande maioria da população, só virá a partir da reorganização radical da nossa sociedade, ou seja, devemos fazer uma revolução".
Movimentos sociais como esse, o MST, o MTST e outros movimentos de estudantes, têm tido um papel fundamental tanto nos grandes centros urbanos quanto nos rurais com bandeiras de lutas voltadas para à justiça social e pela construção de uma democracia participativa.
Atores da sociedade civil, sejam eles movimentos sociais ou organizações do terceiro setor, marcam o início de uma nova era de reconstrução do espaço público. O legado de Frei Tito e de tantos grandes homens e mulheres está cada vez mais vivo em nossas mentes e corações.
Márcia Moussallem, 43, é socióloga, com MBA em gestão para organizações do terceiro setor, mestre e doutora em serviço social, políticas sociais e movimentos sociais pela PUC/SP. Professora da PUC/COGEAE e FGV-PEC/SP. Sócia da empresa Merege & Moussallem - Consultores.
3. O LEGADO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS DOS ANOS 70
Por Felipe Franco
Os movimentos sociais dos anos 70-80 legaram à sociedade brasileira como experiência inédita e de fundamental importância à constituição de uma sociedade verdadeiramente democrática.
O objetivo dessa abordagem é menos contrariar algumas análises que nos parecem depreciativas e equivocadas dos movimentos e mais realçar a importância daquilo que os movimentos nos deixaram para o enfrentamento dos problemas que nos traz a globalização econômica, de modelo neoliberal, entre os quais, o problema do desemprego e o da exclusão social. Como se sabe, a urgência no tratamento dessa questão tende a facilitar ações apressadas, imediatistas e certamente paliativas.
De fato, foi como o surgimento de uma nova sociedade, uma sociedade que, em face dos constrangimentos à vida social e política impostos pelo regime militar, soube criar novos espaços de interlocução públicos, revelando uma capacidade política da qual se tinham dúvidas e mostrando-se portadora de princípios e valores democráticos.
A diminuição do número de movimentos nos anos 90 não deve ser tomada como indicador de debilidade. Esta, menos pelo caráter efêmero e intermitente que marca os movimentos populares, poderia ser dada pela forma anacrônica de sua organização verticalizada, centralizada e antidemocrática, pretensamente de vanguarda, mas que, longe de aglutinar e integrar os setores populares afasta-os do processo de lutas, e toma o seu lugar, como razão iluminada, mas que se revela insensível à demanda de participação que se registrou nos setores populares urbanos nos anos 80 uma forma de organização que, apesar de superada pela maioria dos movimentos recentes, ainda não foi de todo apagada da memória nem da prática de muitos grupos e lideranças que se consideram os eleitos pela história, com a "missão" de impor a todas as demais categorias e classes o “único e real” projeto histórico de uma verdadeira democracia.
Assim considerando, indicar o refluxo dos movimentos pela constatação de sua pouca visibilidade e fundado na consideração de uma nova conjuntura política, marcada por uma nova forma da luta de classes e lugar de conflito, assinalando a entrada em cena de novos atores, como as ONGs, por exemplo, corresponde, apenas, ao registro descritivo, perfeitamente plausível e congruente com aquilo que os movimentos nos legaram, ou seja: novo espaço de interlocução público, o que não é nada pouco, volta a dizer, pois é nesses espaços que se pode abrigar a pluralidade dos atores e coletivamente construir a democracia.
Tentar desqualificar esse processo de conquista de direitos e de uma noção de cidadania construída a partir da ação coletiva, reduzindo o à evidência quantitativa dos movimentos, o que faria supor, considerando sua menor visibilidade pública nos anos 90, o fracasso de todo o processo anterior, corresponde a uma abordagem estéril, deslocada no tempo e, talvez por isso mesmo, antidemocrática, antipolítica, especialmente quando essa desqualificação ocorre para sair em defesa de um marxismo que, certamente, o próprio Marx, cuja genialidade deve ser sempre celebrada, ajudaria a enterrar. E aqui falo daquelas abordagens que ainda celebram o Marx de A questão judaica, cuja crítica dos direitos não abole apenas a ideia de cidadania liberal, mas a própria dimensão simbólica da cidadania, como "ideia-força", e, sem dúvida, também como história, conquistas que nos legaram os movimentos sociais em mais de dois séculos de lutas.
Com efeito, rememorar os movimentos dos anos 70 naquilo que eles nos legaram como conquista democrática parece-me importante como ponto de partida de uma reflexão necessária para o enfrentamento dessa realidade que se coloca diante de nós de maneira perversa, e cuja superação só pode ser dada nos marcos de uma prática efetivamente democrática.