O Sistema Feudal
Reis, nobreza feudal (senhores feudais, cavaleiros, condes, duques, viscondes), clérigos e servos. Assim estava organizada a sociedade durante o feudalismo, e essa estrutura iria sofrer abalos contínuos até se degradar por completo, num processo que levaria alguns séculos para completar-se. Do período áureo do feudalismo, a imagem mais comumente lembrada é a do feudo, grande propriedade trabalhada por camponeses que aram não apenas a terra arrendada, mas também a terra do senhor.
Nesse sistema, o castelo ocupa um lugar de destaque: é nele que mora o senhor e sua família. O feudo, unidade auto-suficiente, é o espaço em que ocorrem as relações de vassalagem entre o servo e o seu senhor.
Suserano: protegia o vassalo de forma militar e jurídica. Tinha o direito de se apossar do feudo caso o vassalo morresse sem herdeiros. Podia também impedir o casamento do vassalo com uma pessoa que lhe fosse infiel, assim como decidia sobre casamentos e outros conflitos. Em algumas regiões da Europa, o senhor feudal tem o direito “da primeira noite”, ou seja, tem o direito de desvirginar a noiva que more em sua propriedade, ou que será a esposa de alguém que more em suas terras. Longe de ser mero capricho, esse direito consagra o seu papel de senhor absoluto: também consagra a continuidade da vassalagem por meio da suspeita em relação à paternidade dos filhos do servo.
Vassalo: devia prestar ao suserano serviço militar, libertá-lo caso fosse aprisionado por inimigos e etc. Mas o vassalo não era um servo. A relação vassalo-suserano era um pacto militar.As obrigações servis eram: Corvéia, que constituía o trabalho gratuito durante alguns dias por semana nas terras do senhor, Talha que era a entrega de parte da produção de seu lote para o senhor, Prestações que era a prestação de serviços ao senhor, como hospedagem por exemplo, Banalidades que era o pagamento pela utilização de fornos, moinhos e outros bens que pertencia ao senhor feudal e o Dízimo, imposto pago à Igreja.
Durante o período de feudalismo o rei não mais exercia seu poder soberano. Embora a figura do rei ainda existisse, ele não tinha poder efetivo sobre todo o reino. A política foi dividida entre os senhores feudais , que administravam os feudos.
A sociedade feudal era dividida em estamentos, ou seja, diferentes grupos sociais:
1. Nobreza: eram os grandes proprietários de terras que também se dedicavam ao serviço militar. Os senhores feudais compunham essa classe.
2. Clero: o clero era constituído por membros da Igreja Católica e era formada pelo alto clero que dirigia a Igreja, administrava as propriedades agrárias e tinha grande influencia política e ideológica e o baixo clero.
3. Servos: eram a maioria da população camponesa. Eram os trabalhadores que sustentavam a estrutura feudal. Eles produziam alimentos, roupas e outros.
Além destes três estamentos, haviam alguns escravos, os vilões , que eram homens livres que trabalhavam para os senhores feudais, mas não eram presos à terra. Haviam também os ministeriais que administravam os feudos em nome do proprietário.
Na sociedade feudal, as construções eram rudimentares, feitas de madeira ou pedra, bem desconfortáveis. Os pisos eram de funco ou palha. A alimentação deles era composta por carne, peixe, queijo, couve, nabo , cenoura , cebola, feijão e ervilha. Não conheciam café e o açúcar era tão caro que poucos podiam comprar. Comiam pêra e maçã. As pessoas bebiam muito e comiam com as mãos, de forma rude e eram tratadas de forma rude com desprezo e brutalidade. Os homens eram quem dominavam tudo. Os servos trabalhavam cedo ao nascer até o pôr-do-sol. Eles viviam em extrema pobreza em uma cabana miserável com um teto para a saída da fumaça com o chão batido. Por causa disso eram sujeitos a várias pandemias. Eram chamados de velhacos, estúpidos e feios.
A média de vida, mesmo nas classes nobres era de apenas 44 anos. A vida escolar se realizava nos conventos e mosteiros. A Igreja detinha o saber, possuía grandes bibliotecas e escolas que formavam o contingente intelectual. O idioma oficial era o latim.
Na Idade Média, um iletrado não era necessariamente um ignorante, muitos reis e nobres não se interessavam em frequentar escolas. Crianças de diversas condições, os filhos dos vassalos e suseranos eram educados juntos. Além da educação religiosa havia também a educação que cuidava da formação espiritual e física dos guerreiros, nomeia-se esse tipo de educação gremial. Para as mulheres haviam dois tipos de escola: uma interior para a formação de noviças e uma exterior para as moças da sociedade.
No século XIII com o progresso das escolas monásticas, o vigoroso influxo da Ciência e da Teologia, desenvolveram-se as universidades europeias como Oxford (Inglaterra) e Coimbra (Portugal), que compreendiam quatro faculdades: Teologia, Direito, Medicina e Artes.
A Igreja também exercia um notável papel ideológico, defendia as ideias conservadoras e considerava a inovação um pecado. Ela era a grande proprietária de terras, por isso sempre interferia nas relações servis. Pregava que a existência de senhores e servos era normal em uma sociedade cristã. Pregava também que a infidelidade e a rebeldia eram pecados mortais. A Igreja assumiu o papel das instituições públicas: eram os padres que educavam, que arbitravam as questões legais , que informavam e que orientavam a economia. Também tentavam converter todos ao catolicismo, por bem ou por mal. Influenciava sobremaneira os nobres com força material e espiritual, muitos homens com medo do inferno pela vida que levavam faziam grandes doações, outros ao morrer deixavam suas terras para o clero, e impunha também taxas e impostos aos servos dos nobres.
Dentre as muitas atuações positivas da Igreja podemos destacar: a conservação de textos de autores gregos e latinos, a expansão do ensino, a preservação do saber, a fundação de hospitais, orfanatos e leprosários, e a trégua de Deus, proibindo guerras em determinadas épocas do ano.
O comércio havia se tornado uma atividade de muito pouca importância. A terra tornou-se o principal fator de riqueza daquela sociedade. Eles cultivavam a terra e tudo o que produziam era para o consumo próprio, além de caçar e criar animais. Nos feudos, o desenvolvimento de técnicas agrícolas de baixa produtividade impedia a obtenção de excedentes utilizados na realização de atividades comercias. Ao mesmo tempo, os instrumentos de arado e a qualidade as sementes impediam colheitas expressivas. As terras férteis eram preocupação constante entre os camponeses. Dessa forma era feito um rodízio das áreas cultivadas.
Foram vários fatores que, como tempo, criaram fissuras no sistema feudal. Um deles foram as Cruzadas, expedições armadas em direção ao Oriente, com o objetivo de reconquistar a Terra Santa para os cristãos, expulsando os mulçumanos do Mar Mediterrâneo. Realizaram oito Cruzadas, mas a quarta foi desviada da sua rota original para atender interesses dos comerciantes de Gênova. Aos poucos as Cruzadas deixavam de ter apenas o significado religioso para se transformar m verdadeiras expedições de saque e exploração das cidades comerciais do Oriente.
Ao longo dos séculos, cada vez mais esse comércio iria resultar no estabelecimento de grandes feiras, e em torno delas, cidades surgiriam. No princípio, grande parte das cidades era cercada por altas muralhas, formando um núcleo urbano que se denominava burgo. Com o aumento da população, as cidades foram obrigadas a alargar seus limites além das antigas muralhas. Artesãos e comerciantes que se estabeleciam nos burgos eram chamados burgueses. Surge uma nova classe social: a Burguesia.
Os senhores feudais donos das terras onde eram realizadas essas feiras recebiam comissões pelos negócios lá efetuados. O crescimento dessas atividades fez surgir trocadores de dinheiro, responsáveis pela troca e câmbio entre as várias unidades monetárias. Começou a surgir então comerciantes e banqueiros, consequentemente a população urbana crescia, exercendo pressões sobre os senhores feudais e suas leis.
Os camponeses que permaneciam nos feudos começaram a se revoltar contra seus senhores e assim a terra deixou de ser o maior bem. Os comerciantes e mercadores reuniram-se em corporações para normatizar as atividades e os artesãos e outros profissionais também organizaram corporações, chamadas guildas, onde um aprendiz seria treinado no oficio segundo as normas e tradições da categoria até aprender todos os segredos do seu ofício. Em guildas reuniam-se padeiros, pintores, curtidores de couro, ferreiros, açougueiros, fruteiros, cirurgiões, jornaleiros, entalhadores, costureiros, sapateiros e supervisores dessas corporações. Com o tempo as guildas se desintegraram, mas elas foram o início do mercado.
Com o surgimento das nações o senhor feudal já não dava conta de proteger a população e também já não tinha mais tanto poder, assim o sistema feudal foi decaindo. O Rei aliado das cidades na luta contra os senhores feudais passa a recolher impostos para exercer seu poder e reerguer sua soberania. O Rei também passou a buscar a unidade nacional: língua nacional legislação, moeda e etc. Além disso a decadência do Feudalismo se deve a crises sérias como o declínio da produção agrícola, Peste Negra que causou a morte de um terço da população europeia, a Guerra dos Cem Anos (1337-1453), conflito entre França e Inglaterra pela disputa da rica região de Flandres(manufatura de lã e sucessões dinásticas) e a Cisma do Ocidente, os reis fortaleceram-se com a ajuda da burguesia e desenvolveram a navegação e a partir do século XV os comerciantes lançaram-se ao mar e procura de novos mercados e mercadorias para o comércio. O Capitalismo então vai tomando o lugar do Feudalismo.